Creio que sim. Absolutamente as comparações dos acontecimentos do antigo testamento
no presente texto; com a promessa encarnada no Nosso Senhor Jesus Cristo tratam-se
de reflexões desse mero leigo católico; e podem fazer parte do magistério
universal da Igreja. Estudando a Sagrada Escritura, em especial do livro do Êxodo, é possível observar como
Deus veio lapidando a comunidade primitiva, através do povo eleito; ou seja, os
descendentes de Abraão, Isaac e Jacó.
José, filho estimado de Jacó, desperta o
ciúme dos irmãos: Levi, Judá, Dã, Neftali, Gad,
Aser, Issacar e Zebulon; e é vendido como escravo para mercadores e vai parar
no Egito. Todos estavam em Canaã (terra prometida). José apesar de
todo o sofrimento; nunca abandonou as esperanças no Deus de seus pais; e
através dos dons que Ele lhe deu (interpretação dos sonhos); ganhou a confiança do faraó; e ainda como escravo, interpretou seus perturbadores
sonhos. Alertou-o que viriam sete anos de fartura seguidos de sete anos de
fome. O faraó ficou tão satisfeito que nomeou José governador do Egito.
Nos sete anos de fome; muitas nações souberam que no Egito
haviam provisões; e muitos povos foram até lá; inclusive Jacó e seus filhos (não sabiam que José era o governador; pois o faraó tinha dado a ele outro nome).
No grande encontro, Jacó encontra o filho vivo, e se estabelece no Egito. O
povo hebreu assim como Deus anunciara a Abraão se multiplicava exponencialmente, e
muitos anos após José; um outro faraó com receio de um levante dos hebreus contra o
Egito, tornou-os escravos; e assim permaneceram por 400 anos até a vinda do
libertador Moisés.
A intenção da reflexão não é comparar Moisés a Jesus
absolutamente; mas demonstrar como Deus na sua infinita sabedoria, usou seu
servo como ferramenta para anunciar a boa nova materializada na pessoa do Nosso
Senhor Jesus Cristo. O faraó com o mesmo receio dos governadores das dinastias
anteriores ordenara jogar ao Nilo os bebês do sexo masculino, na tentativa de
controlar a multiplicação dos filhos de Israel. Muitas parteiras não obedeceram; e um dos bebês foi colocado em um cesto preparado para flutuação e foi lançado no
rio Nilo. Deus guia o cesto e o leva para perto da família real, e a filha do
faraó o adota como filho. Moisés então cresce como um príncipe egípcio, liberto
da morte.
Moisés adulto descobre sua origem e não admite mais os
açoites que seu povo sofria. Então em um episódio de flagelo aos seus, acaba
matando um feitor, foge do Egito; pois um ato como esse o condenaria a morte. A
partir de então Deus o prepara para ser o libertador do povo eleito da
escravidão. A intenção aqui não é explanar de forma literal os
acontecimentos bíblicos; mas sim expor as reflexões do autor, que de certa
forma, liga o Antigo Testamento no Novo. Deus envia Moisés ao Egito como o
libertador; após a manifestação de Deus com na Sarsa Ardente, para retirar o povo da escravidão. Analogicamente, Deus envia
Jesus, para retirar o seu povo da escravidão do pecado. Para que os
primogênitos dos hebreus não morressem, Deus ordena o sacrifício de um
cordeiro, indica que devem beber o seu sangue e comer toda sua carne e marcar
as vergas das portas com o sangue, para que o anjo do Senhor desvie dessas
casas e preserve seus primogênitos; essa foi a Páscoa, data comemorativa da
libertação do povo santo da escravidão do Egito.
Jesus Cristo, portanto é o verdadeiro sacrifício; na Ceia
Santa, e às vésperas de sua crucificação, anuncia que o pão é o seu corpo e o
vinho é o seu sangue; a verdadeira páscoa. Percebe-se, portanto que os
acontecimentos com Moisés apenas anunciavam como seria com o verdadeiro
libertador do povo santo. Na Igreja de Cristo, celebramos através do Sacramento
da Eucaristia esse momento; onde nos alimentamos do Seu corpo e sangue.
Moisés então como ferramenta de Deus, retirou o povo da
escravidão do Egito; bem como Jesus retirou seu povo da escravidão do pecado.
Moisés sob orientação de Deus, no deserto passou 40 anos; porque não poderiam
pisar na terra prometida com a mentalidade da escravidão. Para que se a
aliança entre Deus e os homens se estabelecesse, Deus ordenou a Moisés
construir a Arca da Aliança; e dentro dela continha as tábuas da lei e a vara
de Arão. Analogicamente a isso; Deus envia a nova Arca da Aliança, Maria, e dentro
dela viria o verbo de Deus; o único Senhor e Salvador que é Jesus Cristo. Com
efeito, nos anos de pregação, Cristo nos
anuncia a boa nova de Deus, ensinando-nos a nos afastar da escravidão do
pecado; porque ninguém poderá chegar ao Reino de Deus com o pecado. Aqui se
percebe que a real terra prometida não é um lugar físico, mas sim metafísico. Portanto, a escravidão
do Egito é análoga ao pecado; o libertador Moisés, representa a vinda de um verdadeiro
libertador, que é Jesus filho de Deus Pai; e que a terra prometida, que Moisés
conduziria o povo, na verdade é o Reino dos Céus. Assim como seria impossível o
povo santo chegar a terra prometida sem o intercessor Moisés; também é
impossível chegar a real terra prometida; que é o Reino dos Céus sem Jesus Cristo. Reflitamos
sobre isso. No novo testamento é possível ver a profecia de Moisés se
cumprir em Jesus Cristo? Respondo, dizendo, que sim.
Mateus 17:1-13
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de
Tiago, e os levou, em particular, a um alto monte. Ali ele foi
transfigurado diante deles. Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se
tornaram brancas como a luz. Naquele mesmo momento apareceram diante deles
Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro disse a Jesus: “Senhor,
é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei três tendas: uma para ti, uma para
Moisés e outra para Elias”. Enquanto ele ainda estava
falando, uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia:
“Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam-no!” Ouvindo isso, os
discípulos prostraram-se com o rosto em terra e ficaram aterrorizados. Mas
Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantem-se! Não tenham medo!” E
erguendo eles os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus. Enquanto
desciam do monte, Jesus lhes ordenou: “Não contem a ninguém o que vocês viram,
até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos mortos”. Os
discípulos lhe perguntaram: “Então, por que os mestres da lei dizem que é
necessário que Elias venha primeiro?” Jesus respondeu: “De fato, Elias vem
e restaurará todas as coisas. Mas eu lhes digo: Elias já veio, e eles não
o reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram. Da mesma forma o Filho
do homem será maltratado por eles”.Então os discípulos entenderam que era de
João Batista que ele tinha falado.”
Êxodo
34:28-35
“E esteve ali com o Senhor quarenta
dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as
palavras da aliança, os dez mandamentos. E aconteceu que, descendo Moisés
do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando
desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois
que falara com ele. Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel para
Moisés, eis que a pele do seu rosto resplandecia; por isso temeram chegar-se a
ele. Então Moisés os chamou, e Arão e todos os príncipes da congregação
tornaram-se a ele; e Moisés lhes falou. Depois chegaram também todos os
filhos de Israel; e ele lhes ordenou tudo o que o Senhor falara com ele no
monte Sinai. Assim que Moisés acabou de falar com eles, pôs um véu sobre o
seu rosto. Porém, entrando Moisés perante o Senhor, para falar com ele,
tirava o véu até sair; e, saindo, falava com os filhos de Israel o que lhe era
ordenado. Assim, pois, viam os filhos de Israel o rosto de Moisés, e que
resplandecia a pele do seu rosto; e tornava Moisés a pôr o véu sobre o seu rosto,
até entrar para falar com ele.”
Assim
como Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites, onde sofreu as três tentações
no deserto; Moisés também ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites
para que Deus o passasse as Tábuas da Lei. Ao descer do monte Sinai Moisés
estava com o rosto brilhando; o que faz referência a transfiguração de Cristo
na primeira citação, onde o próprio Moisés aparece junto de Elias para
conversar com Ele. O que Moisés conversou com Jesus? Não poderia ser outra
coisa; o plano de salvação pela morte e ressurreição do Nosso Senhor Jesus
Cristo para redenção de nossos pecados. Concluo, dizendo, Moisés anunciou a Jesus Cristo; na linguagem que a
comunidade primitiva entendia; com direito a todos os milagres registrados por
ele próprio no livro do Êxodo.
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