𝐹𝑖𝑙𝑜𝑠𝑜𝑓𝑖𝑎, 𝑇𝑒𝑜𝑙𝑜𝑔𝑖𝑎 𝑒 𝐶𝑢𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑒𝑚 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙!

quarta-feira, 25 de abril de 2018

O SENTIDO DA VIDA


O fato é que, por natureza, questionamos o tempo todo a partir de certo momento da vida qual o seu sentido. A razão nos auxilia nessa busca incessante; todavia, transitar nos seus limites, ficando preso apenas no que é palpável, só faz aumentar a sensação de que nunca chegaremos ao real sentido da vida. Com efeito, extrapolando a simples razão, auxiliados pelos santos doutores da Igreja, como São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, dentre outros; entendemos de forma não tão simples, que o sentido das coisas nunca estão nelas próprias, mas fora delas.
Se o sentido das coisas não está nelas, mas fora delas; podemos acreditar que a mesma regra vale para o que é sobrenatural? Poderíamos dizer que o sentido da vida não está nela própria, mas fora dela? A resposta é sim! Com efeito, se o sentido da vida está fora dela, é porquê existe Alguém que organiza tudo de forma perfeita?
É importante salientar que a mais insana das hipóteses é acreditar que não existe um Criador. Até mesmo a ciência já admite, por exemplo, de acordo com a atual e comprovada origem do universo – Big-Bang – que existia uma unidade menor que um átomo, super quente, super densa e super instável chamada de singularidade; que continha toda a energia que antes da grande expansão e formação do universo, armazenava de forma inexplicável toda a energia que geraria toda a matéria (você pode ler maiores detalhes no artigo Bóson de Higgs).
            Com efeito, de acordo com Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma; sabendo dessa lei que é universal, partimos para a pergunta: o que formou a singularidade? Do que ela se transformou? Somente um fenômeno sobrenatural seria capaz de criar a singularidade. Imaginando um exemplo, de forma natural, seria como tentar comprimir toda energia resultante de uma explosão nuclear e mantê-la presa em um recipiente menor que um átomo; o que fisicamente é impossível. Só resta uma pergunta: quem a criou? Só pode ser Deus. Vejam que o sentido da singularidade não estava nela, mas fora dela.
            Onde o homem entra no projeto da criação? Bem, na criação do mundo segundo a tradição católica, o homem foi criado “perfeito”. Estávamos em plena comunhão com o criador, até o momento que ocorreu o chamado pecado original. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus; é muito importante não confundir os termos: imagem e semelhança de Deus com à imagem e semelhança de Deus. O homem é a junção corpo e alma, sintetiza em si os elementos do mundo material. Apesar de o sentido da vida estar fora dela, contudo, não é lícito ao homem desprezar a vida corporal, mas ao contrário, deve estimar e honrar o seu corpo, pois foi criado por Deus e destinado a ressurreição no último dia. Segundo Santo Agostinho, “onde se dá a imagem se dá imediatamente a semelhança, mas onde há semelhança não há imediatamente imagem” (Octaginta trium quaest.). Isso significa que “semelhança” é essencial à imagem, fazendo parte daquela noção. “Imagem” então acrescenta algo ao conceito de “semelhança”: a noção de ter sido feito por outro. Uma imagem imita a outra coisa e depende sempre da coisa que imita.
            A imagem é, pois, uma semelhança que depende necessariamente de outro e deriva do ato de imitar. O exemplo que dá Santo Tomás é ilustrativo: um ovo pode ser semelhante a outro, sem ser imagem daquele. A imagem de um homem no espelho é semelhante ao homem, e procede necessariamente dele. O homem, portanto, possui uma imagem imperfeita de Deus. Por isso Gen. 1, 26 diz que o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. “À” indica precisamente aproximação. Tão logo, imagem e semelhança de Deus, apenas seu filho Jesus Cristo; pois, não imita o primeiro, sendo Jesus o próprio Deus.
             O que foi o pecado original? Na Sagrada escritura, a ordem dada por Deus seria a de que o Homem podia comer os frutos de todas as árvores do bem do jardim, exceto os da árvore do conhecimento do que é o bem e do que é o mal. Ao desobedecer esta ordem e comer esse fruto proibido, Adão e Eva ficam a conhecer o bem e o mal, e do pecado nasceu a vergonha e o reconhecimento de estarem nus (sobre isso relato possíveis situações no artigo teoria de involução). Em resultado da desobediência, Deus expulsa o homem do jardim; ele passa a sofrer, adoecer, envelhecer e morrer. Analisando de forma literal é impossível saber ao certo o motivo real; sabemos o que é importante, que houve uma primeira desobediência e isso basta. Observe que o sentido do pecado não está nele próprio, mas fora dele, sem Jesus, o único intermediador, o pecado te leva a perdição.
            O pecado original gerou todos os outros, e o Sacramento do Batismo têm por fim último retirar o pecado original, porém, não exclui suas seqüelas. Com efeito, continuamos vulneráveis ao pecado. A inteligência do homem é fundamental para seu projeto de salvação. O dom da sabedoria nos concede o sentido adequado para sabermos apreciar as coisas de Deus; dando ao bem e à virtude o seu verdadeiro valor, e encarando os bens do mundo como degraus para a santidade não como fins em si. O grande problema é que a inteligência muitas das vezes é usada de forma egoísta e relativista.
A Igreja Católica é a espinha dorsal de toda cultura ocidental; todavia a tradição apostólica deixada Jesus Cristo e pelos grandes santos doutores está ameaçada. Com efeito, a inteligência nos foi deixada por Deus após o pecado original, possivelmente em menor grau de abrangência;  para que pudéssemos entender e assimilar tudo que ocorreu; para poder entender qual é o  projeto da salvação, que acontecerá na segunda vinda de Cristo.
            Nós católicos, bem como os indivíduos de outras denominações religiosas cristãs, temos como parâmetro a moral judaico-cristã. Deus em sua infinita misericórdia nos deu a oportunidade de nos reconciliarmos com ele; para tal, escolheu como o povo eleito os descendentes de Abraão; Isaac e Jacó. Os hebreus então, inicialmente liderados por Moisés fizeram uma aliança com Deus, surgem, portanto os dez mandamentos. Nesse contexto, fortaleceu-se a moral judaica e o respeito às leis de Deus.
            Todas as profecias do antigo testamento se concretizaram com a vinda de Jesus. Os judeus aguardavam um Messias poderoso como o Rei Davi; no entanto, Deus envia seu próprio filho para ser sacrificado; dando um novo sentido a Páscoa. Deus em sua infinita misericórdia rebaixa-se, se faz homem, habita entre nós. Não eram mais necessários sacrifícios de animais para comemorar a Páscoa; pois o próprio Deus se deu em sacrifício para libertar-nos do pecado. Aqui os judeus cometem um erro crasso; pois, se o sentido da vida está fora dela, para que precisariam de um Messias para reinar na terra? 
            Toda tradição citada, foi terreno fértil na formação da nossa cultura; até mesmo as leis no ocidente tiveram como parâmetro a moral judaico-cristã. Graças a ela, temos a noção do que é correto, errado, do bem, do mal é graças a essa herança. Com efeito, é inegável a importância da Igreja na vida das pessoas; na formação das famílias; na busca incansável pelo bem e pela verdade.
Precisamos seguir o que Deus nos orientou, caso contrário estaremos passivos a definhar tanto socialmente quanto espiritualmente. O inimigo se faz valer de várias artimanhas para ver ruir nosso modelo tradicional de família; tão logo o conhecimento da doutrina católica é trivial para que não nos desviemos do caminho que o próprio Deus traçou para sua Igreja. A Igreja é hoje a maior instituição de caridade do mundo; ajuda os necessitados nos mais diversificados nichos, e se deixarmos nossa tradição se enfraquecer, muitas vidas e almas estarão em risco, isso é um fato. A consciência de cada leigo católico sobre sua importância na comunidade é fundamental, para que Deus possa chegar ao maior número de corações possível. Veja bem, a função da Igreja não está nela, mas fora dela.
O mais importante para os casais é entender que, a família é a Igreja doméstica; dela sairão todos os integrantes da sociedade. Com efeito, O desenvolvimento pessoal, profissional, intelectual, religioso e moral do indivíduo é fundamental para o todo. O sentido da família, não está nela, mas fora dela; o sentido da vida do indivíduo da família também não está nele; mas fora dele. O individualismo justifica tudo nele próprio, o que está na contramão dos planos de Deus.
Para muitos, é difícil viver a vida e projetar a transcendência ao mesmo tempo; por um óbvio motivo, não somos dignos, somos seres de pouca fé. No entanto, como a fé não é palpável, precisamos dos Sacramentos. Deus materializou-se e habitou entre nós; ressuscitou e voltou para junto de Deus. Com efeito, permanece junto de nós, na Santa Missa nos é apresentado na Hóstia Sagrada; não é um simples símbolo de Deus, como Jesus disse ali na Eucaristia, está presente o próprio Deus. Os sacramentos são, portanto, uma ponte de ligação entre o material e o imaterial, sendo Cristo é o único mediador entre os homens e Deus.
Todos os Dogmas são verdades reveladas por Deus. Com efeito, a nova aliança entre os homens e Deus não seria possível sem o intermédio de Nossa Senhora (a nova Arca da Aliança). Jesus tem as duas naturezas; Ele é 100% homem, e 100% Deus; tão logo Maria é a mãe de Deus, pois, não é possível separar as naturezas de Jesus. O que entristece é que os irmãos protestantes, não querem entender essa realidade de maneira alguma, o que é muito triste. O sentido de Nossa Mãe não está nela; mas fora dela, em Quem ela gerou, para salvação de todos os homens.
Mas então, Jesus veio para os bons? Claro que não; todavia, assim como se vêmos na passagem do filho pródigo, precisamos ter consciência do tamanho da miséria que vivemos. Muitos encontram a Deus pela dor; e não classifique isso como ruim; se você observar a vida dos Santos, todos sem exceção abraçaram o sofrimento de forma redentora. Claro que o sofrimento não foge a regra, ele não se justifica em si mesmo; se assim for, te levará no caminho contrário da salvação. Com efeito, uma vez cientes de nossas misérias, através de um sacerdote – representante do Pai - Deus escuta nossas faltas e acolhe o nosso pedido de perdão. É preciso se arrepender de coração.

Onde o amor entra? Veja o que está em Coríntios 13:4-7:
“4 - O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
5 - Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
6 - O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
7 - Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

            Sem o amor, nossa vida é completamente destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se não se encontrar com o amor, se o não experimentar, se o não tornar algo próprio, nada fará sentido; porque Deus é amor. O amor Dele por nós é tão grande que entregou seu próprio filho em sacrifício vivo para redenção dos nossos pecados; quer manifestação maior que essa?
            A tarefa fundamental da Igreja de todos os tempos e, de modo particular, do nosso é a de dirigir o olhar do homem e de endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade para o mistério de Cristo, de ajudar todos os homens a ter familiaridade com a profundidade da redenção que se verifica em Cristo Jesus. Simultaneamente, toca-se também a esfera mais profunda do homem, a esfera – queremos dizer – dos corações humanos, das consciências humanas e das vicissitudes humanas. O sentido da vida esta fora dela; resta a cada um de nós através do que nos foi deixado pela Igreja de Cristo, acolher o Seu plano de salvação e comungar com Ele na vida eterna. Apesar do sentido da vida estar fora dela, é aqui que provaremos nossa lealdade para restaurar nossa união com Deus, então se cuide e cuide do seu próximo; Deus quer a salvação de todos.
             Concluo, dizendo, casais abençoados com o Sacramento do Matrimônio, não deixem a tradição morrer. Não permitam que ninguém esvazie sua Fé. A Igreja Católica tem a doutrina social, e por isso é a maior instituição de caridade do mundo. Com efeito, o Reino de Deus não é neste mundo. Não permitam que façam de Jesus apenas um personagem político; Ele é Deus, os milagres existem, a transcendência é o principal objetivo de qualquer cristão. 2018 é o ano do laicato no Brasil; não nos desviemos de nossa responsabilidade com o evangelho de Cristo.


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.

DOCUMENTOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Documentos da Igreja. São Paulo: Paulinas Multimídia, [2003], CD-Rom.




           
           

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