O fato é que, por natureza, questionamos o
tempo todo a partir de certo momento da vida qual o seu sentido. A razão nos
auxilia nessa busca incessante; todavia, transitar nos seus limites, ficando
preso apenas no que é palpável, só faz aumentar a sensação de que nunca
chegaremos ao real sentido da vida. Com efeito, extrapolando a simples razão,
auxiliados pelos santos doutores da Igreja, como São Tomás de Aquino, Santo
Agostinho, dentre outros; entendemos de forma não tão simples, que o sentido
das coisas nunca estão nelas próprias, mas fora delas.
Se o sentido das coisas não está nelas, mas
fora delas; podemos acreditar que a mesma regra vale para o que é sobrenatural?
Poderíamos dizer que o sentido da vida não está nela própria, mas fora dela? A
resposta é sim! Com efeito, se o sentido da vida está fora dela, é porquê
existe Alguém que organiza tudo de forma perfeita?
É importante salientar que a mais insana das
hipóteses é acreditar que não existe um Criador. Até mesmo a ciência já admite,
por exemplo, de acordo com a atual e comprovada origem do universo – Big-Bang –
que existia uma unidade menor que um átomo, super quente, super densa e super
instável chamada de singularidade; que continha toda a energia que antes da
grande expansão e formação do universo, armazenava de forma inexplicável toda a
energia que geraria toda a matéria (você pode ler maiores detalhes no artigo Bóson de Higgs).
Com efeito, de acordo com Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma; sabendo dessa lei que é universal, partimos para a
pergunta: o que formou a singularidade? Do que ela se transformou? Somente um
fenômeno sobrenatural seria capaz de criar a singularidade. Imaginando um
exemplo, de forma natural, seria como tentar comprimir toda energia resultante
de uma explosão nuclear e mantê-la presa em um recipiente menor que um átomo; o
que fisicamente é impossível. Só resta uma pergunta: quem a criou? Só pode ser
Deus. Vejam que o sentido da singularidade não estava nela, mas fora dela.
Onde o homem entra no projeto da criação? Bem, na criação do mundo
segundo a tradição católica, o homem foi criado “perfeito”. Estávamos em plena
comunhão com o criador, até o momento que ocorreu o chamado pecado original. O
homem foi feito à imagem e semelhança de Deus; é muito importante não confundir
os termos: imagem e semelhança de Deus com à imagem e semelhança de Deus. O
homem é a junção corpo e alma, sintetiza em si os elementos do mundo material.
Apesar de o sentido da vida estar fora dela, contudo, não é lícito ao homem
desprezar a vida corporal, mas ao contrário, deve estimar e honrar o seu corpo,
pois foi criado por Deus e destinado a ressurreição no último dia. Segundo
Santo Agostinho, “onde se dá a imagem se dá imediatamente a semelhança, mas
onde há semelhança não há imediatamente imagem” (Octaginta trium quaest.). Isso
significa que “semelhança” é essencial à imagem, fazendo parte daquela noção.
“Imagem” então acrescenta algo ao conceito de “semelhança”: a noção de ter sido
feito por outro. Uma imagem imita a outra coisa e depende sempre da coisa que
imita.
A imagem é, pois, uma semelhança que depende necessariamente de outro e
deriva do ato de imitar. O exemplo que dá Santo Tomás é ilustrativo: um ovo
pode ser semelhante a outro, sem ser imagem daquele. A imagem de um homem no
espelho é semelhante ao homem, e procede necessariamente dele. O homem,
portanto, possui uma imagem imperfeita de Deus. Por isso Gen. 1, 26 diz que o
homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. “À” indica precisamente
aproximação. Tão logo, imagem e semelhança de Deus, apenas seu filho Jesus
Cristo; pois, não imita o primeiro, sendo Jesus o próprio Deus.
O que foi o pecado original? Na Sagrada escritura, a ordem dada por Deus
seria a de que o Homem podia comer os frutos de todas as árvores do bem do
jardim, exceto os da árvore do conhecimento do que é o bem e do que é o mal. Ao
desobedecer esta ordem e comer esse fruto proibido, Adão e Eva ficam a conhecer
o bem e o mal, e do pecado nasceu a vergonha e o reconhecimento de estarem nus
(sobre isso relato possíveis situações no artigo teoria de involução). Em
resultado da desobediência, Deus expulsa o homem do jardim; ele passa a sofrer,
adoecer, envelhecer e morrer. Analisando de forma literal é impossível saber ao
certo o motivo real; sabemos o que é importante, que houve uma primeira
desobediência e isso basta. Observe que o sentido do pecado não está nele
próprio, mas fora dele, sem Jesus, o único intermediador, o pecado te leva a perdição.
O pecado original gerou todos
os outros, e o Sacramento do Batismo têm por fim último retirar o pecado
original, porém, não exclui suas seqüelas. Com efeito, continuamos vulneráveis
ao pecado. A inteligência do homem é fundamental para seu projeto de salvação.
O dom da sabedoria nos concede o sentido adequado para sabermos apreciar as
coisas de Deus; dando ao bem e à virtude o seu verdadeiro valor, e encarando os
bens do mundo como degraus para a santidade não como fins em si. O grande
problema é que a inteligência muitas das vezes é usada de forma egoísta e
relativista.
A Igreja Católica é a espinha dorsal de toda
cultura ocidental; todavia a tradição apostólica deixada Jesus Cristo e pelos
grandes santos doutores está ameaçada. Com efeito, a inteligência nos foi
deixada por Deus após o pecado original, possivelmente em menor grau de
abrangência; para que pudéssemos
entender e assimilar tudo que ocorreu; para poder entender qual é o projeto da salvação, que acontecerá na
segunda vinda de Cristo.
Nós católicos, bem como os indivíduos
de outras denominações religiosas cristãs, temos como parâmetro a moral
judaico-cristã. Deus em sua infinita misericórdia nos deu a oportunidade de nos
reconciliarmos com ele; para tal, escolheu como o povo eleito os descendentes
de Abraão; Isaac e Jacó. Os hebreus então, inicialmente liderados por Moisés
fizeram uma aliança com Deus, surgem, portanto os dez mandamentos. Nesse
contexto, fortaleceu-se a moral judaica e o respeito às leis de Deus.
Todas as profecias do antigo testamento se concretizaram com a vinda de
Jesus. Os judeus aguardavam um Messias poderoso como o Rei Davi; no entanto,
Deus envia seu próprio filho para ser sacrificado; dando um novo sentido a
Páscoa. Deus em sua infinita misericórdia rebaixa-se, se faz homem, habita
entre nós. Não eram mais necessários sacrifícios de animais para comemorar a
Páscoa; pois o próprio Deus se deu em sacrifício para libertar-nos do pecado.
Aqui os judeus cometem um erro crasso; pois, se o sentido da vida está fora
dela, para que precisariam de um Messias para reinar na terra?
Toda tradição citada, foi terreno fértil na formação da nossa cultura;
até mesmo as leis no ocidente tiveram como parâmetro a moral judaico-cristã.
Graças a ela, temos a noção do que é correto, errado, do bem, do mal é graças a
essa herança. Com efeito, é inegável a importância da Igreja na vida das
pessoas; na formação das famílias; na busca incansável pelo bem e pela verdade.
Precisamos seguir o que Deus nos orientou,
caso contrário estaremos passivos a definhar tanto socialmente quanto
espiritualmente. O inimigo se faz valer de várias artimanhas para ver ruir
nosso modelo tradicional de família; tão logo o conhecimento da doutrina
católica é trivial para que não nos desviemos do caminho que o próprio Deus
traçou para sua Igreja. A Igreja é hoje a maior instituição de caridade do
mundo; ajuda os necessitados nos mais diversificados nichos, e se deixarmos
nossa tradição se enfraquecer, muitas vidas e almas estarão em risco, isso é um
fato. A consciência de cada leigo católico sobre sua importância na comunidade
é fundamental, para que Deus possa chegar ao maior número de corações possível.
Veja bem, a função da Igreja não está nela, mas fora dela.
O mais importante para os casais é entender
que, a família é a Igreja doméstica; dela sairão todos os integrantes da
sociedade. Com efeito, O desenvolvimento pessoal, profissional, intelectual,
religioso e moral do indivíduo é fundamental para o todo. O sentido da família,
não está nela, mas fora dela; o sentido da vida do indivíduo da família também
não está nele; mas fora dele. O individualismo justifica tudo nele próprio, o
que está na contramão dos planos de Deus.
Para muitos, é difícil viver a vida e
projetar a transcendência ao mesmo tempo; por um óbvio motivo, não somos
dignos, somos seres de pouca fé. No entanto, como a fé não é palpável,
precisamos dos Sacramentos. Deus materializou-se e habitou entre nós;
ressuscitou e voltou para junto de Deus. Com efeito, permanece junto de nós, na
Santa Missa nos é apresentado na Hóstia Sagrada; não é um simples símbolo de
Deus, como Jesus disse ali na Eucaristia, está presente o próprio Deus. Os
sacramentos são, portanto, uma ponte de ligação entre o material e o imaterial,
sendo Cristo é o único mediador entre os homens e Deus.
Todos os Dogmas são verdades reveladas por
Deus. Com efeito, a nova aliança entre os homens e Deus não seria possível sem
o intermédio de Nossa Senhora (a nova Arca da Aliança). Jesus tem as duas
naturezas; Ele é 100% homem, e 100% Deus; tão logo Maria é a mãe de Deus, pois,
não é possível separar as naturezas de Jesus. O que entristece é que os irmãos
protestantes, não querem entender essa realidade de maneira alguma, o que é
muito triste. O sentido de Nossa Mãe não está nela; mas fora dela, em Quem ela gerou, para salvação de todos os homens.
Mas então, Jesus veio para os bons? Claro que
não; todavia, assim como se vêmos na passagem do filho pródigo, precisamos ter
consciência do tamanho da miséria que vivemos. Muitos encontram a Deus pela
dor; e não classifique isso como ruim; se você observar a vida dos Santos,
todos sem exceção abraçaram o sofrimento de forma redentora. Claro que o
sofrimento não foge a regra, ele não se justifica em si mesmo; se assim for, te
levará no caminho contrário da salvação. Com efeito, uma vez cientes de nossas
misérias, através de um sacerdote – representante do Pai - Deus escuta nossas
faltas e acolhe o nosso pedido de perdão. É preciso se arrepender de coração.
Onde o
amor entra? Veja o que está em Coríntios 13:4-7:
“4 - O amor é paciente,
o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
5 - Não maltrata, não
procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
6 - O amor não se alegra
com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
7 - Tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta.”
Sem o amor, nossa vida é completamente destituída de sentido, se não lhe
for revelado o amor, se não se encontrar com o amor, se o não experimentar, se
o não tornar algo próprio, nada fará sentido; porque Deus é amor. O amor Dele
por nós é tão grande que entregou seu próprio filho em sacrifício vivo para
redenção dos nossos pecados; quer manifestação maior que essa?
A tarefa fundamental da Igreja de
todos os tempos e, de modo particular, do nosso é a de dirigir o olhar do homem
e de endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade para o mistério
de Cristo, de ajudar todos os homens a ter familiaridade com a profundidade da
redenção que se verifica em Cristo Jesus. Simultaneamente, toca-se também a
esfera mais profunda do homem, a esfera – queremos dizer – dos corações
humanos, das consciências humanas e das vicissitudes humanas. O sentido da vida esta fora dela; resta a cada um de nós através do que nos foi
deixado pela Igreja de Cristo, acolher o Seu plano de salvação e comungar com
Ele na vida eterna. Apesar do sentido da vida estar fora dela, é aqui que
provaremos nossa lealdade para restaurar nossa união com Deus, então se cuide e
cuide do seu próximo; Deus quer a salvação de todos.
Concluo, dizendo, casais abençoados com o Sacramento do Matrimônio, não deixem a tradição
morrer. Não permitam que ninguém esvazie sua Fé. A Igreja Católica tem a
doutrina social, e por isso é a maior instituição de caridade do mundo. Com
efeito, o Reino de Deus não é neste mundo. Não permitam que façam de Jesus
apenas um personagem político; Ele é Deus, os milagres existem, a
transcendência é o principal objetivo de qualquer cristão. 2018 é o ano do
laicato no Brasil; não nos desviemos de nossa responsabilidade com o evangelho
de Cristo.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo:
Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Documentos da Igreja. São
Paulo: Paulinas Multimídia, [2003], CD-Rom.
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