Texto
de Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.
“Segundo a Federação Espírita do Brasil, o
"espiritismo é o conjunto de princípios e de leis, revelados pelos
Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a
Codificação Espírita". A revelação é por eles obtida pela invocação dos
mortos, cujos espíritos seriam aqueles mencionados na definição. Esta é só a
primeira das muitas incompatibilidades existentes entre o espiritismo e o
cristianismo.
De
forma prática, um espírita não pode ser considerado cristão pois não crê nas
verdades básicas do Cristianismo. Basta observar rapidamente os princípios que
o regem para perceber a enorme diferença entre ambos.
A
Sagrada Escritura, para eles, é um documento histórico que contém aspectos de
verdade. Um livro cujo conteúdo moral deve ser seguido. A Palavra de Deus, para
os católicos, é uma pessoa. É Jesus Cristo, que se fez carne e habitou entre
nós. A Bíblia é uma forma de transmitir e receber a presença da pessoa que é
Jesus. Ele é a Revelação do Pai. É o centro, o cume e o ápice da revelação
divina, pois é o próprio Deus.
Da
mesma forma, os católicos creem que Jesus Cristo é Deus Encarnado. A segunda
pessoa da Santíssima Trindade. O homem não poderia, por sua própria capacidade,
alcançar Deus, ir até Ele. Assim, em sua infinita bondade e misericórdia, Deus
se fez homem e habitou entre nós, na pessoa de Jesus Cristo.
A
Igreja, para os católicos, é o Corpo de Cristo. Jesus é a cabeça e a Igreja é o
seu corpo vivo inserido na história. Para estar em plena sintonia com Cristo é
preciso ser membro da Igreja. Assim, o Cristianismo não é apenas uma doutrina,
mas um acontecimento, pois o próprio Deus encarnado irrompe na história
temporal e se encontra com o homem.
Além
disso, Jesus Cristo é o Salvador. A sua morte na Cruz significa a redenção. Nas
religiões pagãs é o próprio homem quem se salva; por isso, o espiritismo pode
ser encaixado como pagão, ao pregar a reencarnação.
Trata-se
de um outro mundo, completamente diferente. O espiritismo é o avesso do
cristianismo. Não é possível ser católico e espírita, pois estes últimos não
são cristãos, eles não acreditam que Jesus seja Deus, que Ele morreu e
ressuscitou, que é o Salvador do mundo, não acreditam na Igreja, nos
sacramentos, nos demônios - que para eles seriam apenas almas desencarnadas num
estágio inferior -, nem nos anjos - que seriam apenas almas desencarnadas num
estágio superior -, nem mesmo na intercessão dos santos, nem num lugar de
destaque onde estão os santos e santas de Deus. Enfim, é tudo muito diferente.
Se
é assim, por que tantos espíritas se dizem católicos? Por desonestidade dos
dirigentes, os quais usam a propaganda de que não há incompatibilidade para
'pescar' católicos ingênuos e mal formados.
Seria
muito salutar para ambos os lados se fosse informada a realidade pungente de
que existe sim uma profunda e irremediável incompatibilidade entre o
espiritismo e o catolicismo, pois são religiões em tudo diferentes e que não é
possível pertencer às duas.”
“Os
termos empregados são cuidadosos: procuram mascarar a doutrina espírita para
dar-lhe um ar cristão. No entanto, a visão espírita de Deus é deísta. Kardec,
ao definir a divindade, ao invés de perguntar "quem é Deus", usa a
expressão "o que é Deus" [7], como que a indicar: Deus é a
"Inteligência Suprema", mas não é necessariamente um ser pessoal,
alguém com quem o homem pode verdadeiramente se relacionar. Isso não se coaduna
com a religião cristã, na qual Deus é um só, em três pessoas realmente
distintas.
Nós,
católicos, estamos de acordo com o princípio da imortalidade da alma, mas não
da forma como é exposto acima. Não "somos em essência Espíritos":
"a pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo
corporal e espiritual" [8]; "o espírito e a matéria no homem não são
duas naturezas unidas, mas a união deles forma uma única natureza" [9]. A
grande dificuldade antropológica do espiritismo está justamente neste dualismo:
o homem seria só a sua alma e o seu corpo, uma prisão. A Igreja já condenou há
muito tempo a metempsicose e a apocatástase, de Orígenes, que são doutrinas
defendidas sob outros nomes pelos espíritas. Elas podem ser aceitas pelo
orfismo e pelo platonismo, mas não pela religião cristã.
Segundo
o espiritismo, aquilo que de mau as pessoas cometem deve ser pago em outras
existências. No Cristianismo, ao contrário, o Verbo se fez homem e o Seu
sofrimento tem um poder redentor para a humanidade. Por isso, não é necessário
que o ser humano pague mais nada, ele já foi remido pela Cruz de Cristo. Nesse
sentido, a reencarnação torna vã toda a obra da salvação. Com essa pretensão de
enquadrar o mistério do sofrimento em uma lógica matemática, o espiritismo
abole o perdão e acaba se tornando uma doutrina terrificante, ao invés de
consoladora.
Além
disso, olhando filosoficamente a questão, a doutrina espírita não passa de uma
"torre de Babel": o espírito "cria seu próprio destino" por
meio de um "progresso" e evolução constantes. Só que o abismo entre
Criador e criatura não pode ser rompido senão pelo andar de cima: ou Deus vem
salvar e redimir o homem ou ele está irremediavelmente perdido.
De
fato, os espíritas só aderem à "torre de Babel" porque não creem que
Jesus Cristo seja Deus – e essa é a razão principal pela qual o espiritismo não
pode ser chamado de cristão. Na doutrina espírita, Cristo tem um papel
irrisório: é um "guia" evoluído tão somente para este planeta (já que
existiriam outros habitados por espíritos).
Conforme
a doutrina católica, quando as pessoas morrem, as almas são separadas (não
"desencarnadas") dos seus corpos. Esta alma separada – agora, no Céu,
no Inferno ou no Purgatório – pode comunicar-se com os vivos? De forma
ordinária, não. Ou seja, os espíritos dos mortos não se comunicam conosco,
habitualmente. Mas é possível, sob a forma de milagre, que Deus permita esse
tipo de comunicação, tanto das almas que estão no Céu – como acontece nas
aparições de Nossa Senhora – e no Purgatório – para ensinar a importância de
rezar pela Igreja padecente –, quanto das que estão no Inferno – para excitar
no homem o temor de Deus. O contato ordinário com os espíritos, na doutrina
católica, não acontece com as almas dos falecidos, mas com outras criaturas: os
anjos.
Então,
à "comunicabilidade dos espíritos" a Igreja responde: é possível que
aconteça, mas não ordinariamente. Por outro lado, é absolutamente proibida pela
Revelação a evocação dos mortos [10]. Recorrer a essa prática de desobediência
significa expor-se a grandes perigos espirituais.
Trata-se do único item pelo qual os espíritas
poderiam ser remotamente chamados de cristãos. Diz-se "remotamente"
porque, ao mesmo tempo em que eles seguem algumas orientações morais do
Evangelho, rejeitam outras, como o divórcio ou o "casamento"
homossexual. Então, é só em um sentido muito estrito que se pode chamar o
espiritismo de cristão.”
Na Bíblia Sagrada encontramos em Hebreus 9: 26- 28 o seguinte:
26 De outra maneira, necessário lhe fora padecer
muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma
vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
27 E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
28 Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
27 E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
28 Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
Texto do Professor Felipe Aquino
“A Igreja ensina
que após a morte, sobrevive a nossa alma imortal, criada à imagem de Deus, e é
nela que estão as nossas faculdade, como a Inteligência, a vontade, a memória e
a consciência. O nosso “eu humano” subsiste. Portanto, ninguém permanece
“dormindo” após a morte. A narrativa de Jesus, mostrando a realidade após a
morte do rico epulão e do pobre Lázaro, cheio de feridas, mostra esta verdade.
A Carta aos Hebreus diz que “Está determinado que cada um morra uma única vez e
em seguida vem o juízo” (Hb 9,27). Isto é, ninguém morrerá duas vezes, a não
ser aqueles que, por milagre, foram ressuscitados.”
Concluo com uma
pequena observação; que apesar das diferenças teológicas entre o catolicismo e
o espiritismo, encontramos dentro do espiritismo pessoas muito humanas.
Particularmente, já fui simpatizante do espiritismo – confundindo e fundindo diferentes conceitos - e
possuo queridíssimos amigos espíritas; todavia, como leigo é meu dever esclarecer
a comunidade católica, para que não haja confusão entre as crenças. Lembrando
por fim, que tudo aquilo que desvia o indivíduo da revelação salvífica do Nosso
Senhor Jesus Cristo – verdadeiro Homem; verdadeiro Deus - , não pode ser
considerado cristianismo.
Por que a Igreja condena o
espiritismo? Disponível em: < https://padrepauloricardo.org/episodios/por-que-a-igreja-condena-o-espiritismo> . Acesso em: 03/04/2018.
O Espiritismo é cristão? Disponível em: < https://padrepauloricardo.org/episodios/o-espiritismo-e-cristao> . Acesso em: 03/04/2018.
O que há depois da morte? Disponível em: < http://cleofas.com.br/o-que-ha-depois-da-morte/> . Acesso em: 03/04/2018.
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