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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O SAGRADO MAGISTÉRIO



O que garantiu a unidade da Igreja católica, sua continuidade até hoje, de maneira ininterrupta, conservando intacto o “depósito da fé”, que recebeu do Senhor, é a sua apostolicidade; isto é, a sucessão apostólica. Conferindo aos Apóstolos o encargo de dirigir a Igreja em toda a terra, Jesus estabeleceu sobre eles o que chamamos de sagrado Magistério da Igreja, constituído pelo Papa (sucessor de Pedro) e os bispos (sucessores dos Apóstolos) em comunhão com ele. Sem este Magistério oficial, querido por Jesus, o “depósito da fé” já estaria esfacelado, como aconteceu fora da Igreja católica.
Muito cedo a Igreja tomou consciência de que a sua “identidade e missão” estava ligada ao colégio dos Doze Apóstolos, e seus sucessores, os bispos. Quando nos primeiros séculos surgia uma doutrina nova, às vezes uma heresia, o critério do discernimento era o da apostolidade: “esta doutrina está de acordo com o que ensinaram os Apóstolos? Está em conformidade com o que ensina a Igreja de Roma, onde foram martirizados Pedro e Paulo?”. Essas eram as perguntas mais importantes para se chegar ao discernimento. Isto porque os Apóstolos foram as testemunhas oculares do Senhor e dEle receberam diretamente tudo o que Ele ensinou e realizou para a salvação da humanidade.
A Igreja é a sucessora de Israel. O povo de Israel era a posteridade das Doze tribos de Jacó, que Deus chamou de Israel. Da mesma forma a Igreja é a posteridade dos Doze Apóstolos. Jesus mesmo relacionou a escolha dos Doze com as Doze tribos de Israel, que prefiguravam a Igreja: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis  seguido, estareis  sentados em doze tronos para julgar as  doze tribos de Israel” (Mt 19,28). O livro do Apocalipse revela a Igreja como a Jerusalém celeste construída sobre Doze pedras fundamentais, nas quais “estão escritos os nomes dos Doze Apóstolos do Cordeiro”.
“Levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus. Assemelhava-se a uma pedra preciosa, tal como o jaspe cristalino. Tinha grande e alta muralha com doze portas, guardadas por doze anjos. Nas  portas  estavam  gravados  os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Ao oriente havia três portas, ao setentrião três portas, ao sul três portas, e ao ocidente três portas. A muralha da cidade tinha doze fundamentos com os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro” (Ap 21,12-14).
Essa belíssima revelação que São João teve da Igreja ensina-nos, através dos símbolos da figura apocalíptica, a realidade da Igreja. As três portas abertas permanentemente para as quatro regiões do mundo são uma imagem da universalidade (catolicidade) da Igreja, de portas abertas para acolher todas as nações e todos os homens. A “grande e alta muralha” simboliza toda a grandeza, estabilidade e majestade desta Cidade de Deus. Naquele tempo as muralhas significavam toda a grandeza e segurança da cidade. Nessa muralha haviam “doze portas guardadas por doze anjos”, são as doze tribos de Israel, através das quais Deus começou a abrir as portas da salvação para a humanidade.
O mais importante, contudo, é notar que os “doze fundamentos” (alicerces) da muralha traziam “os nomes dos Doze Apóstolos do Cordeiro”. Isto mostra que neles está edificada a Igreja, como disse São Paulo aos efésios: “Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos…” (Ef 2,20). Os Bispos são os sucessores dos Apóstolos, que foram testemunhas dos ensinamentos e da Ressurreição de Jesus. Eles estabeleceram os princípios básicos para toda a vida da Igreja, o Credo e a Tradição apostólica. Cada um deles tinha jurisdição sobre as comunidades cristãs fundadas. Vemos São Pedro na Capadócia, na Bitínia, no Ponto, na Samaria, em Antioquia e, por fim, em Roma. São Paulo em Filipos, Éfeso, Corinto, Atenas, Tessalônica, Chipre, Creta, Roma.
Os Apóstolos ordenaram Bispos, seus sucessores, para que a Igreja cumprisse até o fim dos tempos a missão que Jesus lhe confiou: “Ide pelo mundo inteiro, pregai o Evangelho a toda criatura…”(Mt 28,18). Os Bispos da Igreja, que hoje são cerca de 4300 (3000 em plena função), embora não tenham sido testemunhas diretas da ressurreição de Jesus, no entanto, pela  “sucessão apostólica”, participam do Colégio dos Apóstolos. Cada Bispo, individualmente, não tem o carisma da infalibilidade, apenas o Bispo de Roma, o Papa, e o Colégio dos Bispos que sucede o Colégio dos Doze Apóstolos. Essa infalibilidade, que na maioria das vezes o Colégio dos Bispos exerceu nos 21 Concílios universais que a Igreja já realizou, se limita à definição de assuntos de fé e de moral.
Ao Colégio dos Doze, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo: tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 18,18). É com esta autoridade, recebida diretamente de Jesus, que o Colégio episcopal se reúne em Concílios e Sínodos para “ligar na terra” o que é para o bem e a salvação dos fiéis. Jesus disse que aquele que se recusa a ouvir a Igreja,”seja para ti como um pagão e um publicano” (Mt 18,17). Aqui Jesus deixou muito claro para os Apóstolos que é a Igreja que tem a palavra final nas decisões das coisas do Reino de Deus. Aquele que recusar a ouvir e obedecer à Igreja deve ser considerado como um “pagão e um publicano”, isto é, ateu e pecador. E, além disso, garantiu aos Apóstolos que ouvi-los é ouvir a Ele mesmo e ao Pai. “Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10,26). Para que a transmissão da Boa-Nova chegasse então aos confins da terra e dos tempos, os Apóstolos foram preparando os pastores das comunidades, seus sucessores. Assim, estava formado o Magistério da Igreja. Vejamos alguns casos:
São Paulo deixa Timóteo como Bispo de Éfeso: “Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando  parti  para  a  Macedônia:  devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes” (1Tm 1,3). A principal preocupação de Paulo é com a “sã doutrina” (v.10) que Timóteo deve garantir na comunidade. Esta continua a ser a principal missão do bispo também hoje na Igreja, além de ser para o seu rebanho o pai espiritual e a pedra viva da unidade. “Por esse motivo eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1,6). Aqui  vemos a ordenação de Timóteo pela imposição das mãos de São Paulo. Até hoje a Igreja repete esse gesto na ordenação dos sacerdotes e bispos, e assim garante a sucessão apostólica.
Paulo Também escolheu Tito para bispo de Creta: “Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos (sacerdotes) em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei” (Tt 1,5). Essa passagem mostra que os Apóstolos iam definindo as “normas” da Igreja, que foram formando a sagrada Tradição Apostólica, tão importante e legitima quanto à própria Bíblia.
Para a comunidade de Filipos, São Paulo envia Epafrodito: “Julguei necessário enviar-vos nosso irmão Epafrodito, meu companheiro de labor e de lutas…” (Fil 2,25). O autor da Carta aos Hebreus, provavelmente algum dos  discípulos de S. Paulo recomenda os fiéis aos seus dirigentes: “Sede  submissos e  obedecei aos que vos  guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar contas)” (Hb 13,17).
Nos Atos dos Apóstolos, vemos São Paulo despedindo-se emocionado dos anciãos de Éfeso (“não tornareis a ver minha face”) e recomenda-lhes o rebanho, como sua grande preocupação: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha  partida se introduzirão entre vós os lobos cruéis, que não pouparão o rebanho” (At 20,28). Aqui podemos ver com clareza a importância do Magistério da Igreja; guiar e proteger o rebanho de Deus contra os erros de doutrina. “Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos” (At 20,30). Sabemos que já no inicio do cristianismo os Apóstolos tiveram que enfrentar a terrível heresia do gnosticismo, de fundo dualista, o qual negava que Jesus tivesse se encarnado de fato, uma vez que consideravam a matéria como má. Desta forma anulava-se a obra redentora de Cristo.
Nessas palavras de São Paulo vemos toda a importância dos bispos, constituídos pelo Espírito Santo. O mesmo recomenda São Pedro aos pastores: “Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós… Velai  sobre o rebanho  de  Deus,  que vos  é  confiado. Tende cuidado dele…” (1Pe 5,1-4). Logo no início da evangelização, São Paulo dá normas a Timóteo e a Tito de como devem ser os bispos:
“Eis uma coisa certa: quem aspira ao episcopado, saiba  que  está  desejando uma função sublime. Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado  uma só vez, sóbrio, prudente, regrado no seu proceder, hospitaleiro, capaz de ensinar. Não deve ser dado a bebidas, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; deve saber governar bem a sua casa, educar os seus filhos na obediência e na castidade. Pois, quem não sabe governar a sua própria casa, como terá cuidado da Igreja de Deus? ” (1 Tm 3,1-7).
Também a Tito, a quem São Paulo delega o poder de ordenar outros bispos, ele faz recomendações semelhantes, ao escolher os pastores: “Sejam escolhidos entre quem seja irrepreensível, casado uma só vez, tenha filhos fiéis…”. “Porquanto é mister que o bispo  seja  irrepreensível, como  administrador que é posto por Deus. Não arrogante, nem  colérico, nem  intemperante, nem violento, nem  cobiçoso. Ao contrário, seja hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, firmemente apegado à doutrina  da  fé  como  foi  ensinada, para poder exortar segundo  a  sã  doutrina e a rebater os que a contradizem” (Tit 1,5-9).
Todas essas passagens mostram abundantemente que os bispos foram escolhidos pelos próprios Apóstolos, “constituídos pelo Espírito Santo”(At 20,28), para governar a Igreja.
Nas cartas de Santo Inácio de Antioquia, falecido no ano 107, já encontramos a organização atual da Igreja. Vemos ali um Bispo residente em cada diocese e respondendo por essa parte do rebanho do Senhor. “Segui  ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos apóstolos. Respeitai os diáconos  como  ao  preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma  concernente à Igreja. Como válida só  se  tenha  a eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver  o bispo  e onde está Jesus Cristo  está  a  Igreja  católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar nem celebrar a eucaristia;  só o que tiver  a  sua  aprovação  será  do  agrado de Deus  e assim será firme e seguro o que fizerdes”.  (Antologia dos Santos Padres, Ed. Paulinas, Pág. 44, 3ª ed. 1979, pág. 43).
Esse testemunho do primeiro século da Igreja mostra bem a sucessão apostólica e a importância do bispo. Já no primeiro século vê-se que sem o bispo, ordenado pelos apóstolos, ou um delegado seu, não se pode celebrar a eucaristia. No combate aos hereges gnósticos do seu tempo, Santo Ireneu (†202), no primeiro século, dizia: “Ora, todos esses hereges são de muito posteriores aos bispos, aos quais os Apóstolos entregaram as Igrejas [particulares]… Necessariamente, pois, tais hereges, cegos para a verdade, mudam sempre de direção e disseminam as doutrinas de modo discordante e incoerente. Ao contrário, o caminho dos que pertencem à Igreja cerca o universo inteiro e, possuindo a firme tradição dos apóstolos, faz-nos ver que todos possuímos a mesma fé” (Contra as Heresias).
São do mesmo Santo Ireneu estas palavras que mostram a importância da sucessão apostólica: “Foi inicialmente na Judéia que [os  apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina  e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando Igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, a semente da doutrina, e ainda recebem cada dia para serem igrejas. É por isso mesmo que sejam consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igreja apostólicas.
É necessário  que tudo  se  caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que não a primitiva Igreja apostólica da qual procedem. São todas primitivas, são todas apostólicas  e todas uma só.  Para  atestarem  a  sua  unidade, comunicam-se reciprocamente  na  paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da hospitalidade… Desde o momento  em  que  Jesus  Cristo,  nosso Senhor, enviou os apóstolos para pregarem, não se podem acolher  outros  pregadores  senão os que Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado.”
E Santo Ireneu conclui dizendo: “Nestas condições, é claro que toda doutrina em acordo com a dessas igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias  da  fé, deve  ser  considerada autêntica, pois contém o que tais igrejas receberam dos apóstolos, os apóstolos de Cristo, e Cristo de Deus” (Contra as Heresias). Em todos os tempos da história da Igreja as comunidades heréticas e cismáticas procuraram imitar as aparências da sucessão apostólica, tentando enganar o povo. É o caso, por exemplo, das “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras”, derivada de D. Carlo Duarte, ex-Bispo de Maura, mas que  não guarda a comunhão com a Igreja católica. Outro exemplo é o dos Bispos “patriotas” que foram instituídos por governos comunistas e sagrados por um bispo “colaboracionista”. Não estão na sucessão apostólica, pois romperam com o Papa. Assim são também os “bispos” da igreja anglicana, da igreja universal do reino de Deus, etc…
Os protestantes perderam a sucessão apostólica porque romperam com a Igreja dos Apóstolos e seus sucessores. A encarnação do Verbo é uma realidade histórica que se prolonga através da Igreja e da sucessão apostólica. Jesus disse claro aos Apóstolos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).
Os Santos Padres da Igreja diziam: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia; ubi Ecclesia, ibi Christus” (Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo”. A Igreja reza na santa Missa, no Prefácio dos Apóstolos: “Pastor eterno, vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos Apóstolos. E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à sua frente como representantes de vosso Filho Jesus Cristo, Senhor nosso”. Por esta oração eucarística observamos que a Igreja vê nos seus pastores hierárquicos os “representantes” do próprio Senhor. Afinal, foi a eles que Jesus disse no momento da sua Ascensão:
“Vós sereis testemunhas de tudo isto” (Lc 24,48). “Sereis minhas testemunhas … até os confins do mundo”  (At 1,8). Eles, os Apóstolos, foram enviados em missão pelo próprio Senhor. “Quem vos recebe a Mim recebe. E  quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Mt 10,40).
Isto mostra porque a hierarquia e o Magistério são sagrados; porque foram desejados e instituídos pelo próprio Cristo.
A Igreja nasceu, cresceu e caminha na “doutrina dos Apóstolos” (At 2,42).  Os bispos – apóstolos de hoje – continuam a mesma missão de Jesus. “Como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20,21). E Jesus avisa:  “Em verdade em verdade vos digo: quem recebe aquele   que  eu  enviei recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Jo 13,20). E disse ao Pai na oração Sacerdotal, antes de sofrer a Paixão: “Como  tu  me  enviaste ao  mundo também eu os enviei ao mundo” (Jo 17,18).
Jesus os escolheu pessoalmente – e continua a fazê-lo ainda hoje. “Depois, subiu ao monte e chamou a si os que Ele quis. Designou Doze entre eles para ficar em sua companhia. Ele os enviava a pregar, com o poder de expulsar os demônios”(Mc 3, 13-14).  Desde o início de sua missão, Jesus instituiu os Doze, como diz a “Ad Gentes”: “os  germes do Novo  Israel  e  ao  mesmo  tempo  a origem da sagrada hierarquia” (AG, 5). Jesus associou os Apóstolos à sua própria missão, recebida do Pai. Por isso Ele ensina-lhes que  como “o Filho não pode fazer nada por si mesmo” (Jo 5,19.30), mas recebe tudo do Pai que o enviou, da mesma forma eles não podem fazer nada sem Jesus.  “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Portanto, os Apóstolos do Senhor, os bispos hoje, são colocados por Deus como “ministros da Nova Aliança”. É o que São Paulo ensina: “Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não  a da letra e sim a do Espírito.” (2 Cor 3,6).
Segundo São Paulo, os apóstolos são os “embaixadores de Cristo”. “Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores  em nome de Cristo, e é Deus  mesmo  que  exorta  por nosso intermédio” (2 Cor 5,20). E Paulo também os vê como “administradores dos mistérios de Deus”:  “Que  os  homens  vos  considerem,  pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1 Cor 4,1). Foi a eles que Jesus deu o poder de, em Seu Nome, ministrar os sacramentos da salvação. A eles o Senhor enviou a batizar:
“Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A eles o Senhor delegou o mandato de ensinar: “Ensinai-os a observar tudo o que vos prescrevi” (28,20). A eles o Senhor garantiu a sua assistência permanente: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (28,20). A eles  o Senhor deu o poder de perdoar: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes  os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”  (Jo 20,22-23). A eles o Senhor conferiu o poder de atualizar, “tornar presente”, o seu Sacrifício do Calvário oferecido ao Pai por toda a humanidade, uma única vez: “Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19-20).
São Clemente (88-97), Bispo de Roma, quarto Papa da Igreja,  colaborador de São Paulo ( cf. Fil 4,3), na importante Carta escrita aos Corintios, para debelar a rebelião dos fiéis contra os pastores, já no século I expunha as bases da Igreja, mostrando que Jesus Cristo recebeu todo o poder do Pai e incumbiu os Apóstolos de estabelecerem a Hierarquia. Assim, os Apóstolos cumpriram a ordem e puseram à frente das Igrejas, bispos, presbíteros e diáconos como auxiliares, tendo regulamentado a sua sucessão, com normas claras, para que, com a comunidade, fossem escolhidos sempre os melhores.
O Sagrado Magistério da Igreja. Disponível em: < http://cleofas.com.br/o-sagrado-magisterio-da-igreja/ > Acesso em: 23/11/17.





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